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Novo FGTS: mudanças impactam o sonho da casa própria até no Bolsa Família? Entenda

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é uma peça fundamental na realização do sonho da casa própria para milhões de brasileiros. Desde sua criação em 1966, o FGTS tem sido a base financeira que permite às famílias de baixa e média renda acessarem programas habitacionais acessíveis e subsídios governamentais.

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma decisão histórica que redefine as regras de remuneração do FGTS. Essa medida trouxe alívio ao mercado imobiliário, assegurando a sustentabilidade da construção civil e o enfrentamento do déficit habitacional crônico no Brasil.

Atenção para você que quer usar o FGTS para realizar o sonho de ter a própria casa. Mudanças estão no radar e podem impactar diretamente.
Atenção para você que quer usar o FGTS para realizar o sonho de ter a própria casa. Mudanças estão no radar e podem impactar diretamente – bolsadafamilia.com.br.

Entendendo a Nova Fórmula de Correção do FGTS

Até 2017, o saldo do FGTS era corrigido anualmente pela Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano. Contudo, essa fórmula foi criticada por não acompanhar a inflação real, prejudicando os trabalhadores. A decisão do STF introduziu uma nova fórmula de correção para equilibrar os interesses dos trabalhadores e a viabilidade dos programas habitacionais. Agora, o saldo do FGTS será reajustado de acordo com os seguintes critérios:

  1. Se a TR + 3% for igual ou superior à inflação oficial (IPCA), essa taxa será mantida.
  2. Se a TR + 3% for inferior ao IPCA, o saldo será corrigido pelo IPCA, garantindo uma remuneração justa aos trabalhadores.
  3. A distribuição de lucros do fundo para os trabalhadores, implementada em 2017, será mantida.

Impacto no Programa Minha Casa, Minha Vida

O programa Minha Casa, Minha Vida depende fortemente dos recursos do FGTS para operar. Responsável por contratar mais de 7,7 milhões de moradias nos últimos 15 anos, o programa oferece taxas de juros mais baixas e subsídios generosos, possibilitando que famílias com renda entre R$ 2.000 e R$ 8.000 adquiram sua casa própria.

Segundo a Caixa Econômica Federal, se o FGTS fosse remunerado pela poupança, cerca de 234 mil famílias com renda de até R$ 2.000 não teriam acesso ao programa neste ano. Além disso, outras 129.630 famílias perderiam descontos significativos, que representam quase dez vezes sua renda familiar.

Preservação do Crédito Imobiliário no FGTS

A decisão do STF protege os programas habitacionais e preserva as operações de financiamento e empréstimos realizados pelo FGTS. Isso garante que o fundo continue sendo a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário destinado às famílias de baixa renda.

De acordo com Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), a medida contribui para a sustentabilidade da construção civil, ajudando a enfrentar o déficit habitacional no Brasil, estimado em 7,8 milhões de moradias pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Impacto nas Diferentes Faixas de Renda

A nova regra do FGTS é amplamente benéfica para as famílias de baixa renda, que dependem dos programas habitacionais subsidiados. No entanto, seu impacto no restante do mercado imobiliário é considerado mínimo.

Segundo Victor Tulli, CFO da startup imobiliária Lobie, “O IPCA está mais baixo que o rendimento da poupança, então é um impacto ruim para baixa renda e irrelevante para o restante do mercado.”

O governo federal está comprometido em reforçar os recursos disponíveis para o setor habitacional. Na próxima reunião do Conselho Curador do FGTS, em 23 de julho, o governo apresentará um voto para ampliar de R$ 20 bilhões para R$ 25 bilhões o valor destinado ao segmento habitacional. Atualmente, R$ 105 bilhões do orçamento do FGTS são destinados à habitação popular.

Você precisa saber disso hoje:

O FGTS: Uma Poupança Essencial

Além de financiar a casa própria, o FGTS funciona como uma poupança vital para os trabalhadores brasileiros. Mensalmente, os empregadores depositam 8% do salário do funcionário em uma conta vinculada ao emprego.

Em caso de demissão sem justa causa, o trabalhador tem direito a uma multa de 40% sobre o saldo do FGTS. Desde a reforma trabalhista de 2017, também é possível sacar 20% dessa multa após acordo com o empregador na demissão.

O FGTS é destinado a garantir a estabilidade financeira dos trabalhadores. Existem 16 situações específicas em que o saque é permitido, incluindo:

  • Aquisição da casa própria
  • Complementação de pagamento de prestações de imóvel
  • Aposentadoria
  • Demissão sem justa causa
  • Doenças graves
  • Calamidade pública

Em 2019, o governo introduziu o saque-aniversário, permitindo ao trabalhador sacar anualmente um percentual do saldo de sua conta, variando de 5% a 50%, dependendo do valor acumulado. No entanto, ao optar pelo saque-aniversário, o trabalhador perde o direito à multa de 40% em caso de demissão sem justa causa.

O Futuro do FGTS e o Impacto na Economia

O FGTS não só financia a casa própria, mas também impulsiona a economia brasileira. Os recursos do fundo são utilizados em políticas públicas de habitação, saneamento básico e infraestrutura urbana, promovendo desenvolvimento e gerando empregos.

A decisão do STF sobre a nova fórmula de correção do FGTS é um passo significativo para democratizar o acesso à moradia no Brasil. Ao equilibrar os interesses dos trabalhadores e a viabilidade dos programas habitacionais, essa medida garante que o sonho da casa própria continue sendo uma realidade para milhões de brasileiros.

Embora desafios ainda existam, a preservação dos recursos do FGTS e o compromisso do governo em reforçar o setor habitacional são sinais encorajadores de que o país está no caminho certo para enfrentar o déficit habitacional crônico e promover uma sociedade mais justa e igualitária.

Rodrigo Campos

Editor do Portal Bolsa da Família. Jornalista, pós-graduado em Semiótica. Atuou em grandes veículos de imprensa do Brasil nos últimos anos.

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