Pão de OURO e dipirona a R$ 100? Dólar explode preços de itens básicos; veja quais
A recente alta do dólar tem gerado preocupações significativas entre os brasileiros, pois a valorização da moeda americana frente ao real impacta diretamente diversos produtos essenciais. A moeda norte-americana atingiu R$ 5,70 na terça-feira (2) e acumula uma alta de 7,32% no último mês.
Com esse cenário, muitos itens importados, que compõem a cesta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tendem a sofrer reajustes de preços, pressionando ainda mais o bolso do consumidor.
Quais produtos ficam mais caros com o dólar nas alturas?
João Rosal, economista-chefe da Terra Investimentos, destaca que a desvalorização do real, diante da alta do dólar, afeta significativamente os bens da cesta do IPCA. Segundo ele, aproximadamente 31% do IPCA é composto por bens exportáveis ou importados, o que faz com que os preços sejam reajustados conforme a variação cambial. As informações foram retiradas de matéria do grupo “O Globo“.
De acordo com dados do Comex Stat, plataforma do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o Brasil desembolsou US$ 240,8 bilhões (cerca de R$ 1,36 trilhão) em produtos importados em 2023.
No acumulado de janeiro a maio de 2024, já foram gastos US$ 102,9 bilhões (R$ 584 trilhões). Entre os itens importados, 90% são insumos destinados à indústria de transformação, ou seja, matérias-primas utilizadas na fabricação de novos produtos.
Prepare-se para pagar mais caro nestes produtos
O óleo combustível de petróleo ou de minerais betuminosos é o principal item importado pelo Brasil e será fortemente impactado pela alta do dólar. Esse insumo é essencial para motores pesados, como os de navios, fornos e caldeiras industriais.
Outro produto que sofrerá com o aumento é o segundo item mais importado: adubos e fertilizantes, que são utilizados na produção de verduras, legumes e frutas consumidos pelos brasileiros.
Fábio Cabral, planejador financeiro CFP pela Planejar, ressalta que o principal item agropecuário importado é o trigo. Derivados desse insumo, como pães, massas e biscoitos, também serão afetados pela cotação do dólar, o que refletirá nos preços para o consumidor final.
Você precisa saber disso:
- Banco Central: nova rodada de pagamentos de dinheiro esquecido? Como consultar
- Compras usando o CPF assim rende dinheiro “surpresa”
- Bolsa Família e trabalho? Receita Federal abre 3º lote para devolver dinheiro; consulte
Setor farmacêutico e outros itens que devem ficar mais caro com o dólar
A alta do dólar também afeta a classe de medicamentos e produtos farmacêuticos, que compõem 3,3% das importações brasileiras.
A Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi) informa que o Brasil importa 90% da matéria-prima utilizada na fabricação de medicamentos. Isso significa que o custo dos remédios, tanto para uso humano quanto veterinário, deve aumentar nos próximos meses.
Além dos medicamentos, outros produtos da indústria de transformação serão impactados. Entre eles estão móveis, roupas, tecidos, calçados, bebidas alcoólicas, brinquedos, veículos automotores, peças de reposição, máquinas elétricas, inseticidas, pneus, óleos combustíveis e fertilizantes químicos.
Mercado financeiro sente
O mercado financeiro também sente os efeitos da alta do dólar. Na última sexta-feira, a moeda norte-americana recuou 0,45%, cotada a R$ 5,7091. No entanto, o principal índice de ações da bolsa brasileira encerrou em queda de 1,21%, aos 125.854 pontos, no menor valor em quase um mês.
O dólar abriu em forte alta nesta segunda-feira (5), aumentando os receios de uma recessão econômica nos Estados Unidos.
Novos dados de emprego nos EUA mostraram que a maior economia do mundo está desacelerando. O payroll, relatório de emprego dos Estados Unidos, reportou 97 mil vagas criadas no setor privado em julho, abaixo do registrado no mês anterior e das projeções.
Com isso, cresce a percepção de que o Federal Reserve (Fed), banco central americano, pode iniciar um ciclo de flexibilização monetária em setembro.
Lista de itens simplificada por setor de produção:
- Frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas
Pescado inteiro vivo, morto ou refrigerado
Trigo e centeio não moídos
Soja
Produtos hortícolas, frescos ou refrigerados
Cacau em bruto ou torrado
Cevada não moída
Látex, borracha natural, balata, guta-percha, chiclete e gomas naturais
Milho não moído, exceto milho doce - Móveis, colchão e almofadas
Roupas, tecidos e materiais têxteis
Calçados
Bebidas alcoólicas
Carrinhos de bebê, brinquedos, jogos e artigos esportivos
Veículos automóveis de passageiros
Partes e acessórios de veículos de passageiros
Veículos para transporte de mercadorias e usos especiais
Aeronaves e outros equipamentos
Equipamentos de telecomunicação, incluindo peças e acessórios
Máquinas e aparelhos elétricos
Inseticidas, fungicidas e herbicidas
Pneus de borracha, bandas de rodagem intercambiáveis e câmaras de ar para rodas
Bombas, centrífugas, compressores de ar, ventiladores, exaustores, aparelhos de filtrar ou depurar
Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos
Adubos e fertilizantes químicos
Medicamentos e produtos farmacêuticos não veterinário
Outros medicamentos incluindo veterinários - Óleo bruto de petróleo ou minerais betuminosos cru
Carvão
Gás natural, liquefeito ou não
Reação dos mercados internacionais e expectativas
Os temores de recessão e a alta do dólar levaram as bolsas de valores ao redor do mundo a registrar fortes quedas. Na Ásia, o índice Nikkei 225 da bolsa de Tóquio despencou 12,40%, patamar não visto desde a crise financeira global de 2011. Outros mercados asiáticos, como Taiwan, Hong Kong, Austrália e Coreia do Sul, também registraram quedas expressivas.
Na Europa, as bolsas operam com quedas significativas, refletindo a cautela dos investidores. O índice STXX Europe 600, que reúne 600 empresas de 17 países do continente, recuava mais de 3%.
O mercado financeiro aguarda novos indicadores econômicos dos Estados Unidos para avaliar a situação. A decisão do Fed de manter os juros elevados contribui para a percepção de uma desaceleração econômica mais expressiva, o que pode impactar ainda mais o mercado de trabalho e o consumo.
Em resumo, a alta do dólar em agosto de 2024 está trazendo desafios significativos para a economia brasileira. Produtos essenciais, como alimentos, medicamentos e insumos industriais, terão seus preços reajustados, afetando diretamente o consumidor. A situação no mercado financeiro global também reflete a cautela dos investidores diante dos sinais de desaceleração econômica nos Estados Unidos.
Para mais informações sobre como a alta do dólar pode impactar sua vida, continue acompanhando nossas atualizações. Compartilhe essa notícia com amigos e familiares para que todos possam se preparar para os possíveis aumentos de preços nos próximos meses.