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Mais de R$ 10 MILHÕES: do Bolsa Família, mulher torna-se “dona” de fábrica milionária

Investigação revela uso de laranjas por empresário dono de fazendas e empresas que movimentam milhões de reais. Isso inclui uma fábrica analisada no texto abaixo.

Há mais de dez anos, Paula é a única sócia registrada de uma fábrica com movimentação anual superior a R$ 10 milhões, mas nunca é vista na empresa. Ela trabalha em uma empresa de cultivo de soja e milho, sem qualquer relação com a fábrica de embalagens que está formalmente em seu nome.

As informações desta matéria foram adaptadas do site Metrópoles.

A história de uma ex-beneficiária do Bolsa Família ganhou machetes de jornal e acende alerta para fraudes no Brasil.
A história de uma ex-beneficiária do Bolsa Família ganhou machetes de jornal e acende alerta para fraudes no Brasil – foto ilustrativa: bolsadafamilia.com.br.

Trajetória profissional e uso de laranjas na fábrica

Em uma postagem no LinkedIn, Paula agradeceu por completar cinco anos em sua empresa, onde foi promovida de supervisora a coordenadora.

Não há menção à fábrica de embalagens Piloto, que está em seu nome e teve um ativo circulante de R$ 12 milhões no ano em que ela foi contratada pela empresa de cultivo.

A situação de Paula, simultaneamente funcionária e dona de uma grande fábrica, é explicada por uma série de processos judiciais e investigações criminais. Essas ações indicam que o empresário goiano Guimar Alves da Silva usa laranjas para registrar empresas e propriedades, incluindo a Piloto.

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Histórico de fraudes e dívidas

Guimar enfrenta várias investigações na esfera criminal, além de cobranças de grandes empresas e do BNDES. Ele é acusado de usar laranjas para evitar o pagamento de dívidas, que chegam a R$ 87 milhões.

Em seu nome, apenas empresas antigas com registros cancelados são encontradas, dificultando a satisfação das dívidas pela Justiça.

Empresas credoras mapearam pessoas próximas a Guimar e descobriram empresas e propriedades registradas em nome de terceiros. Investigações do Ministério Público revelaram que Guimar colocou empresas e fazendas em nome de parentes e funcionários.

Ele foi condenado por sonegação fiscal, e auditores do trabalho encontraram funcionários de uma fazenda em condições degradantes.

Guimar e a Piloto

Guimar se apresenta como o verdadeiro dono da Piloto, mas não assina documentos como sócio formal da empresa. Processos trabalhistas contra a Piloto indicam que Paula nunca é vista na empresa e que Guimar é quem toma as decisões.

Paula é citada em uma ação de cobrança milionária movida contra Guimar pela Polo Indústria. A empresa credora afirma que Guimar coloca diversas propriedades e empresas em nome de laranjas, incluindo Paula, ex-beneficiária do Bolsa Família. Segundo a Piloto, pessoas simples “alugam seus nomes” sem imaginar o esquema fraudulento em que estão envolvidas.

Guimar mantém boas relações com empresários e políticos em Goiás, aparecendo em fotos com senadores, deputados e secretários de Estado. Em 2011, foi citado em uma coluna social por ter organizado um evento luxuoso, com massagista, luau, passeios de helicóptero e brinquedoteca.

Outros laranjas identificados

Além de Paula, outros laranjas são apontados nas investigações e litígios. Dois irmãos são identificados como testas de ferro em fazendas avaliadas em R$ 45 milhões e uma empresa de factoring dona de carros de luxo e até de um avião.

Um deles é funcionário da Piloto e a outra trabalha em um pesqueiro no interior de Goiás.

Respostas dos envolvidos

Procurada, Paula não se manifestou. A empresa para a qual trabalha também não respondeu. Um funcionário confirmou que Paula trabalha lá e encaminhou os questionamentos da reportagem à funcionária e à companhia.

Guimar e a Piloto também não se manifestaram. O espaço segue aberto para declarações.

Esse caso destaca as complexidades do uso de laranjas em esquemas empresariais e a dificuldade das autoridades em rastrear e responsabilizar os verdadeiros donos de empresas envolvidas em fraudes.

A história de Paula, de ex-beneficiária do Bolsa Família a “dona” de uma fábrica milionária, ilustra como pessoas em situação de vulnerabilidade podem ser usadas em esquemas fraudulentos sem seu pleno conhecimento. A investigação contínua é crucial para desmantelar esses esquemas e garantir justiça.

As investigações sobre o uso de laranjas por Guimar Alves da Silva revelam um esquema complexo para ocultar bens e evitar dívidas.

A situação de Paula, ex-beneficiária do Bolsa Família, evidencia como pessoas vulneráveis podem ser envolvidas em fraudes empresariais. As autoridades continuam a investigar, buscando responsabilizar os verdadeiros culpados e proteger os direitos dos cidadãos.

A matéria original foi publicada em: https://www.metropoles.com/negocios/mulher-bolsa-familia-dona-fabrica-goias.

Rodrigo Campos

Editor do Portal Bolsa da Família. Jornalista, pós-graduado em Semiótica. Atuou em grandes veículos de imprensa do Brasil nos últimos anos.

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